A Secretaria da Agricultura lança, na próxima segunda-feira (09), em Dom Feliciano, ao meio-dia, duas ações de incentivo à cadeia fumageira gaúcha. Em uma delas, o programa “Plante Milho e Feijão após da colheita do fumo”, a proposta é fazer com que os produtores diversifiquem as atividades na propriedade, introduzindo o plantio dos dois grãos na chamada resteva do fumo (aproveitando os insumos que sobram do outro plantio). Na outra, a meta é construir ou melhorar as estruturas já existentes utilizadas com fumo e aproveitá-las para armazenagem e secagem de outros grãos.Ambas, no entanto, fazem parte do programa RS Mais Grãos, lançado pelo governador Tarso Genro em outubro deste ano, e partem do objetivo do Governo de aumentar a produtividade e a renda do meio rural. Programa RS Mais Grãos O programa RS Mais Grãos tem a meta de atingir 30,7 mil propriedades rurais em dez anos. Destas, 20 mil já trabalham no cultivo de fumo. Durante nove meses do ano, as estufas de secagem de fumo ficam ociosas. Assim como no Mais Água, Mais Renda, o governo do Estado também subsidia 30% do financiamento para construção ou reforma de silos e armazéns. Com juros de 2% ao ano, o agricultor tem carência e 12 para pagar. O aumento médio na renda chega a 15% quando da estocagem e venda na hora adequada. Além disso, tem garantia de qualidade na produção e ao autoabastecimento da propriedade. A plantação de grãos pós-fumo alimenta suínos, bovinos de leite, corte, por exemplo. Segundo o secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, a contribuição ao agricultor se dá na melhoria de qualidade de vida, o que lhe possibilita permanecer na atividade. Conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a capacidade de estocagem nos silos e armazéns do país é de 148,6 milhões de toneladas. Com uma safra que deve chegar aos 187 milhões de toneladas, há um déficit de 38,4 milhões de toneladas. O Brasil é terceiro produtor mundial de milho, atrás dos EUA e da China. Estimativas dão conta de que apenas 15% dos grãos são armazenados nas propriedades. Outros países apresentam percentuais de no mínimo 35%. O RS, atualmente, tem capacidade de armazenamento de 31,4 milhões de toneladas. Apesar de parecer suficiente – o Estado deve colher 28,4 milhões de toneladas nesta safra – parte da estrutura é utilizada com produtos de outros estados por conta das exportações, como é o caso do Porto de Rio Grande. Nas propriedades, o índice também está baixo: 13% dos grãos ficam nos estabelecimentos rurais.A capacidade aquém do necessário causa estrangulamento das operações pós-colheita, ocasionando maior perda de alimentos e rentabilidade. As culturas mais afetadas pelo déficit são arroz e milho. A falta altera os preços, pressiona as safras para baixo, exigindo intervenções do governo no mercado. Em 2012, por exemplo, fizeram com o governo Federal injetasse R$ 1,2 bilhão no Estado para enxugar o mercado do arroz. No milho, a situação é ainda pior: o transporte custa quase o mesmo preço do grão quando ele precisa ser trazido da região Centro-Oeste do país pra cá. Além das perdas dos próprios agricultures, as tributárias do governo gaúcho com a importação beiram os R$ 100 milhões. Estufas já existentes no RS Hoje, existem 92,3 mil estufas de tabaco, abrangendo 86,4 mil famílias. Ao considerar que cada família tem, em média, dois hectares, o espaço de terra poderia se utilizado para plantio de milho “safrinha”, depois do tabaco, totalizando 172, 8 mil hectares, ao contrário dos 70 mil atuais, conforme dados da Emater. Com produtividade média de 3,96 toneladas por hectare, a projeção poderia chegar a 684,5 mil toneladas de milho. Ao inserir a irrigação, o acréscimo seria de 200% na produtividade, passando para 11,8 toneladas por hectare, alçando a produção a 2,05 milhões de toneladas na mesma área depois do tabaco. Com o programa, mais de mil produtores devem ser capacitados por ano e 60 técnicos multiplicadores. Os convênios terão duração inicial de um ano. Além do secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, participam das assinaturas a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e Ministério da Agricultura.