Dionísio tem reconhecimento em solenidade oficial

Em 31 de janeiro de 1969, num dia propício de sol, se dirigiram à área urbana de Dom Feliciano, faites, cavalos e carros com cidadãos e cidadãs para a inauguração do prédio da Prefeitura com a presença do deputado estadual Lidovino Fanton, que, na época, apresentou projeto na Assembleia Legislativa para criação do Município, em conformidade com a comissão emancipacionista, e o prefeito de Camaquã e arquiteto Amarílio Borges de Medeiros, que idealizou o prédio da Prefeitura de Dom Feliciano. O executivo realizou, hoje, 28 de janeiro, solenidade do Cinquentenário do Paço Municipal e homenageou servidores e servidoras que fazem parte desta história. Entre os homenageados está Dionísio Dostatny, 79 anos – um dos três primeiros contratados pelo primeiro prefeito de Dom Feliciano, Catulino Pereira da Rosa.Foram mais de 30 anos dedicados à vida pública e trabalhos comunitários. Dionísio assumiu como responsável pelo orçamento e contas do Município na primeira gestão, já foi Secretário da Administração, no governo de Zeno Rakowski, e Chefe e Gabinete de Pedro Moczulski. ?Valorizo muito o prefeito Clenio e outros?, diz Dionísio. ?Sempre tive esta sorte de ser um dos principais assessores das administrações, sendo muito solicitado para participar de reuniões, representar os prefeitos, aconselhar?.  Teve ele a felicidade de participar de segredos de gestão de várias administrações, com seriedade e honestidade, auxiliando também na instalação do município de Chuvisca.Acompanhe a entrevista com o ex-servidor que participou de decisões importantes ao longo da história municipal. Como foi a decisão da construção do prédio próprio pela gestão do prefeito Catulino?Dionísio – A construção começou em 1967, seguiu em 1968 e, em 31 de janeiro 1969, o prédio estava pronto. Na inauguração, foi muita gente. Era um acontecimento solene para comunidade. Pela primeira vez se viu um prédio daquele tamanho, inclusive houve críticas, que o prefeito estava construindo um ?elefante branco? ? ?para que tanto espaço??, e hoje está pequeno. O Amarílio planejou e arquitetou este projeto e convenceu o Catulino. De onde vieram os recursos para construção do Paço?Em 1967 aconteceu uma Reforma Tributária no País, todos os municípios foram contemplados com recurso do Fundo de Participação, de acordo com o número de habitantes, que existe até hoje. Eram recursos extraordinários para Orçamento Municipal. O Município ficou fortalecido com estes recursos. O prédio hoje está como foi concebido. Alguma coisa foi modificada por dentro ? repartições, ao longo dos anos. Na época, embaixo funcionava a tesouraria, contabilidade e, em cima, o gabinete do perfeito, salão nobre e secretarias. Depois, passei a contabilidade para cima. Hoje em dia há muitos funcionários. Como foi o dia da inauguração do Paço Municipal?Em 31 de janeiro de 1969 ? dia da inauguração do prédio, o prefeito Catulino encerrava a sua gestão, porque com o golpe militar de 64, os prefeitos tiveram prorrogação de um ano de mandato. O primeiro prefeito eleito, depois do Catulino, foi Ramon Bobrowski. O prefeito Catulino inaugurou o prédio e transmitiu cargo para Ramon, com a presença de autoridades e comunidade. Era uma festa muito grande ? dia de verão, não tão quente como agora. Na época, o faite predominava ? de duas rodas, carroças – vieram muitas. Tinha muito carro também. Houve grande mobilização. Como o senhor avalia estes anos em que foi protagonista do desenvolvimento do Município?O desenvolvimento nos primeiros anos foi muito grande. A Prefeitura adquiriu todo maquinário, construiu o Paço Municipal, escolas no interior. A Secretaria Educação fazia levantamentos nas comunidades para construção de escolas. Com reforma do ensino, agora, existem escolas polos, e os alunos têm transporte, mudou muito. Foram construídos dezenas de prédios- sala de aula com banheiro, todo conforto. Prefeitura ganhava propriedade em determinada região – terreno de 50 X 50, e o prefeito fazia decreto, para investir ali recursos próprios da Prefeitura. Houve, na época, muito progresso neste sentido. Havia muita economia para investir. A Casa da Cultura, por exemplo, foi construída com recursos próprios, a partir de 1990. O grande problema hoje na administração pública é que o percentual para investimentos é muito baixo. Hoje em dia é só custeio, manutenção da máquina. Sobra muito pouco para investimento. O Prefeito Clenio esta engessado no orçamento atual. Prefeito tem que buscar recursos – como está indo agora, assim como fez na sua gestão anterior. Li, agora o encontro que aconteceu com a Embaixadora da Polônia, em Brasília, para introduzir curso de polonês nas escolas municipais e reforma Casa de Cultura. Gosto de acompanhar as notícias da Prefeitura no site. O senhor também teve grandes participações em movimentos comunitários?Noutros tempos, havia mais doação, interesse. No meu tempo, não tinha hora extra, trabalhávamos, às vezes, 10 horas diárias – tínhamos que cumprir nossas tarefas. Era uma época de muita sinceridade, honestidade e doação.  Lá por 1966, fui o presidente e administrei a construção do Ginásio Comercial Dom Feliciano, escola particular, tendo em vista que o Estado alegava que o Município não estava dentro dos requisitos ? um mínimo de formandos da 5º série do Curso Primário. Consegui, por doação do Estado, a quadra em 1967. Até regimento interno ajudei preparar, e os professores tiveram que fazer capacitação. Reunimos alunos, promovemos curso de capacitação para fazerem exame de admissão. Todos passaram, e abrimos a primeira série numa sala do prédio. Depois foi implantado, da segunda à quarta série. Até hoje os formandos de 1970 se reúnem ? encontros anuais. Fui paraninfo da primeira turma. Ali não tinha nada, conseguimos recursos da Prefeitura, e outra parte do CNC- Campanha Nacional das Escolas da Comunidade. Na época, Campanha Nacional de Ensino Gratuito. Para fundar este setor local, tínhamos que ter, no mínimo, 100 sócios, cada sócio contribuía com um valor mensal para fins de investimento, além de promovermos festas e bailes para construção do prédio. As aulas tinham que acontecer de dia, porque, na época, não tinha luz. Senão a Escola Estadual teria cedido as salas. Depois o Ginásio Cristo Redentor fechou quando entrou o Ensino Fundamental, de 1º a 8º serie. E, a Estadual absorveu bastante alunos, absorvendo a demanda. A Prefeitura comprou o prédio da CNC e ganhou os móveis ? patrimônio que o Estado tinha transferido para CNC. Hoje o espaço é a Escola Municipal Catulino Pereira da Rosa. Depois, veio o Ginásio de Esportes, construído também com recursos próprios da Prefeitura, funcionando também como Centro Municipal da Cultura. O orçamento, a partir desta época, já não comportava investimentos, então começaram a aparecer as tais emendas parlamentares. A Prefeitura também cedeu uma parte do terreno para Delegacia de Polícia, depois para a agroindústria de sucos, Ginásio de Esportes. Em 1968 não havia rede de eletrificação no Município?A história da luz também é interessante. Não tinha luz elétrica. A Prefeitura inaugurou também a Usina a Diesel de Dom Feliciano, em maio de 1968, para fornecimento de energia elétrica, realizada das 18h às 24 horas. A CEEE doou o transformador, e a Usina foi construída aonde hoje é o prédio da Secretaria da Saúde. A Escola noturna devia ir até às 11 horas, mas teria um custo muito grande para a Prefeitura – tinha que funcionar de dia e não de noite. Construímos, e funcionou muitos anos.

Dionísio tem reconhecimento em solenidade oficial