Por Ivane FáveroConsultora de Turismo O turismo interessa muito o setor público – ele gera emprego e renda, dinamiza a economia, gera impostos, que são revertidos para saúde, educação e obras. Acreditamos no turismo como uma poderosa alavanca para o desenvolvimento de territórios, desde que planejado e que a gente diga que turismo quer.O turismo hoje é uma das maiores economias do mundo – um a cada dez empregos gerados no mundo e 10% do PIB mundial. O que estamos fazendo para atrair turistas? Não basta estruturar bem os negócios e destinos. É preciso pensar na coletividade.Turismo de ExperiênciasO que é um turismo de experiência? É a busca por lugares que tenham calma, cumplicidade, aonde eu possa vivenciar experiências que sejam relevantes para a minha vida, promovendo aprendizado, equilíbrio neste mundo tão estressante. E, pessoas não querem mais contemplar, elas querem se envolver diretamente.Apesar da crise, as pessoas vão continuar viajando, porque o mundo mudou, e as aspirações que tinham nossos pais com relação à vida não são mais as mesmas. Nossos pais lutavam para ter terra, casa, patrimônio tangível. Os mais jovens estão pensando nisso? Essa nova geração viaja pelo mundo: para ter experiência, conhecimento. As pessoas vão continuar viajando, independente da crise: mais perto, viagens curtas, porque a busca desse sentido de vida leva as pessoas a se deslocarem.Um bom negócio não é só aquele tem uma boa infraestrutura e um atendimento – é preciso buscar excelência. Ser melhor a cada dia, tudo pode se melhorado continuamente. As pessoas não viajam em busca de um único segmento. O destino tem que ser estruturado num todo, porque, na verdade, ele busca usufruir da alma, da identidade daquele território. Uma empresa, que não divulga o que tem pra fazer no Município, está perdendo uma grande possibilidade de atrair mais clientes. A pessoa não vem aqui só para se encerrar dentro do hotel, vem para viver essa atividade coletiva.Novas tecnologiasO convite que eu vou fazer para vocês é pensar além. A gente precisa provocar olhar mais atento para todas as possibilidades, valores. Em qualquer lugar do mundo hoje temos informação instantânea, no momento em que ela está acontecendo. Há sistema de hospedagem, maior rede do mundo, que não tem um quarto sequer – são pessoas que colocam suas residências ou partes de suas residências para que turistas se hospedem. E, os turistas escolhem isso porque querem a vivencia com a cultura local. O Uber chegou, e os taxistas brigaram, tentaram derrubar e ninguém, mas ninguém controla mais esta economia. Há uma série de possibilidades de negócio, em que o empresário que está ofertando algo direto para o consumidor. Locação também já mudou, não é preciso mais de uma locadora de carro- qualquer um pode locar direto com interessados, por meio de aplicativo.Já tem, em Porto Alegre, pessoas em suas casas, apartamentos, que oferecem jantares, inclusive climáticos, por meio de aplicativos. O celular é democrático e está mudando a nossa relação com o mundo. As pessoas ficam conectadas, vivendo esse mundo real/virtual ao mesmo tempo, e isso abre muitas possiblidades também de negócios, de trabalho, de renda. Sou uma mãe que recolhia os celulares das filhas, enfim, dizia que não podia usar – a gente morria de medo que isso fosse alienar. Na verdade, a gente sabe que é um poderoso instrumento de pesquisa, desde que bem utilizado.Alguém que mora no interior não esta em hipótese alguma desinformado como era no meu tempo – precisava sair para estudar, para entender o mundo. Hoje com todas as informações chegando em tempo real, em qualquer lugar do mundo, não há mais limitações pela geografia física, porque a geografia virtual nos une com o mundo todo.Cidades inteligentesCidades que privilegiam, primeiramente, a qualidade de vida. O que queremos é criar destinos turísticos inteligentes, pensar que a nossa cidade também pode se aprimorar e se tornar uma cidade inteligente, com uma qualidade de vida que gere conforto para moradores e visitantes. Aliás, uma cidade só é boa para o visitante, quando ela é a primeira e boa opção para @s moradores.Oferta turísticaOferta turística é um território todo organizado, uma rede com hotéis, restaurantes, agência, guia, produtores rurais, artesões, comércio, atrativos, monumentos, museus, e por ai vai, criando um grande circuito, aonde a comunidade deve entender essa rede e fazer parte. O turista investe o suor do seu trabalho nessa viagem, nesse destino e quer que essa engrenagem funcionando ? um indicando o outro, um ressaltando as coisas boas do outro.Dom Feliciano tem várias possibilidades, turismo de eventos ? hoje, a Expo Dom Feliciano, entre outros. Tem o segmento religioso, não só pela igreja belíssima, mas também pelo monumento a Lorenz, e outras personagens. O rural que tem um valor imenso, que pode ser outro segmento, a ser trabalhado. A cultura da imigração polonesa tem remanescentes – com certeza um atrativo, porque as pessoas vão em busca de suas raízes. O padre aqui reza, eventualmente, missa em polonês, então são várias possibilidades. Tod@s precisam estar nesta grande engrenagem, vendendo o território, o destino.Costa DoceFazemos parte de uma região, a Costa Doce, que abrange valor maior, quando pensada num todo. Podemos vender criar roteiros, junto com, por exemplo, Camaquã, Cristal, e outros existem nas proximidades, pensando regionalmente. Os turistas estão loucos para sair da rotina – a maioria mora em grandes cidades, então, temos que pensar como é a vida dele lá. Onde geralmente mora uma pessoa de uma grande cidade? Em apartamentos. Qual a melhor vista deles? A janela, o prédio. Onde ele trabalha geralmente? Numa empresa fechada. Como é o trânsito? Terrível, um caos, estressante. O que ele quer quando ele viaja? Paz, tranquilidade, natureza, poder ver sol, as nuvens, as estrela, então é isso que devemos ofertar a autenticidade de vocês, o que se encontra na cidade de vocês no dia a dia. Ele está de olho nos preços, viaja com amigos – não é mais só com famílias: tem que preparar outros atrativos. Quer se sentir na casa, cultura, no tipo da isonomia do local que vista e ter experiências.O que são as experiências que as pessoas estão contratando e pagando? Por exemplo, passeios com cachorros ? os agentes trabalham com isso porque viram que existem mais cachorros do que crianças nas casas brasileiras e que essas pessoas com cachorros querem viajar e levá-los junto. Já os Cursos de Gastronomia ensinam a fazer uma nova receita polonesa – isso seria motivo para as pessoas virem pra cá.Na fotografia tem muitos fotógrafos que ficaram fazendo fotos apenas de casamentos, aniversários, enfim, mas hoje tem um grande campo com os books de turistas, que querem ir a lugares bacanas e fazerem fotos. O turista busca a saúde, e a saúde está ligada a um turismo ativo. Toda cidade hoje tem mais atividades para ter mais saúde, e esse turismo ativo não é mais para jovens, é para todas as idades. Vocês já tem aqui possibilidade uma série de atividades: motociclismo, caminhadas, mas também outras práticas.É preciso usar a tecnologia a nosso favor, é preciso criar envolvimento emocional, a gente encanta nosso destino, nosso território, quando mostra nossa cidade, nossa história, e aí cativa – as pessoas querem a verdade do outro, e isso é o envolvimento emocional. O negócio hoje tem que propiciar isso. É preciso criar parcerias, um trabalhar com o outro – o hotel fazer parceria com restaurante, com o produtor rural e divulgar.Se temos turismo rural, nós construímos uma rota. Se temos patrimônio histórico ou algo religioso, temos um roteiro. Os eventos tem um poder grande de alavancar, mesmo pequenos eventos. As viagens compram experiências e não coisas. Temos que nos apropriar da nossa história. A história de Dom Feliciano é linda. Vamos gastar tempo e energia para encontrar soluções. Aí começamos a revolucionar nossa cidade, nossos territórios, com união, planejamento e trabalho. Excertos adaptados da palestra da consultora em turismo, Ivane Fávero, em 13 de junho, na Câmara de Vereadores de Dom Feliciano, a partir da contratação, pela Prefeitura, da assessoria do SEBRAE/RS.Foto: Blogue Viajante Maduro